O impacto da capitalização de juros
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O impacto da capitalização de juros

É bastante complexo compreender o significado dos termos jurídicos, como anatocismo, que significa capitalizar os juros. Porém, somente quando compreendemos o que representa capitalizar os juros em números é que entendemos o quão cruel é esse processo. O emaranhado de fórmulas, números e métodos afasta a maioria das pessoas do entendimento do que realmente está escondido por trás da capitalização. A MP 459, com a redação atual, priva milhares de cidadãos de recursos, que no fim das contas, são enormemente prejudicados com o único objetivo de aumentar os grandes lucros do sistema financeiro.

Para que possamos compreender perfeitamente o funcionamento da capitalização vamos partir de um simples exemplo, considerando um financiamento de R$ 50.000, a prazo de 180 meses, com uma taxa de juros de 8% ao ano. A taxa de juros de 8% ao ano é uma taxa nominal, ou seja, válida somente quando não capitalizamos os juros. Os próprios construtores do sistema preveem a cobrança de uma taxa nominal que representa o valor dos juros mensais capitalizados mês a mês. Na matemática financeira, dividimos a taxa nominal de juros por 12, e a capitalizamos mês a mês. Na forma numérica:


forma numérica

Pode parecer meio estranho, mas é isso mesmo, eles te dizem que estão cobrando 8% ao ano quando na realidade estão cobrando 8,30% ao ano. Esse acréscimo de 0,30% ao ano é resultado exclusivo da capitalização mensal dos juros.

Neste ponto você pode até achar que isso é pouco e insignificante, mas a coisa não é tão simples e elementar assim. Vamos verificar quanto representa a prestação no regime juros compostos (capitalizados) e no regime de juros simples (sem capitalização).


A diferença entre as duas prestações é de R$ 95,09, e esse é o valor que todo o mês você paga somente a título de juros calculados sobre os juros, imagine essa quantia a mais no seu orçamento mensal. É essa parcela que é retirada do bolso do cidadão. Esse valor de R$ 95,09 simplesmente não produz nada, não remunera o capital, somente aumenta o lucro do banco, pois representa os juros cobrados sobre os juros.

É esse dinheiro que podia ser utilizado no supermercado, na compra de uma roupa nova, na compra de um produto novo, que circulando no comércio acarreta aumento de produção e consequentemente gera mais empregos. Mais isso não acontece do jeito em que as coisas estão na MP 459, você ao longo do tempo somente irá ouvir falar que o Banco Tal teve um novo lucro recorde, que no Brasil estão os bancos mais lucrativos do mundo, e enquanto isso menos emprego, menor renda, menor atividade comercial e industrial e somente um pequeno grupo se beneficiando do sistema, pelos ganhos absurdos dos juros, pelos ganhos absurdos dos juros dos juros.


Autor: Edson Rovina, matemático graduado pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), mestre em ciências na área de programação matemática pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), consultor em matemática aplicada desde 1995.

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