A chegada no último trimestre do ano implica, pelo menos para uma parte das empresas, aumento da demanda de trabalho. Mesmo os empreendimentos que não focam a produção ou serviços para as festas de final de ano têm de lidar com processos administrativos que são comuns nesta época, como, por exemplo, a contabilidade dos 13º salários e a escala de férias dos colaboradores. Ainda assim, mesmo diante do aumento exponencial de tarefas nesse período, o gestor precisa encontrar tempo para planejar o ano seguinte.
Parar, pensar, analisar e direcionar os negócios para o rumo que se quer é imprescindível para qualquer negócio. O começo de um novo ano marca essa possibilidade de (re)iniciar com as velas alinhadas a favor do vento. É importante que o empresário busque forças para além do cansaço acumulado de todo o ano, e consiga, junto a equipe, visualizar o que se pretende para o ano que se iniciará. Para além dos resultados práticos dessa ação, há ainda o efeito psicológico, a passagem do dia 31 de dezembro para 1º de janeiro nos revigora, e imbuídos dessa energia os objetivos se transformam na força motriz para seguir trabalhando.
No entanto, antes de traçar as metas para o ano que virá, é necessário, um diagnóstico do que foi realizado, e ainda está em andamento, no ano corrente. Analisar como foi o desempenho do que foi planejado anteriormente fornecerá importantes diretrizes para o desenho das novas propostas. É preciso calibrar as ambições para seguir com mais assertividade. Isso quer dizer que, por vezes, estabelecemos metas incompatíveis com o que era possível realizar e o resultado negativo gerou frustrações. Ou ainda, pode ser que as propostas eram viáveis mas por conta de fatores externos não puderem ser atingidas. Todo esse levantamento servirá como material para o planejamento do ano seguinte.
A partir desse cenário, o próximo passo é iniciar efetivamente o planejamento. Os profissionais de administração e marketing indicam inúmeras ferramentas que podem auxiliar nesse processo. Muitas delas hoje estão no mundo virtual, tem versões gratuitas e pagas, como, por exemplo, o Trello e o Monday. É preciso destacar que esses softwares atuam com níveis diferentes de detalhamento dos processos. No entanto, independente da plataforma, a metodologia que dará início ao planejamento envolve, basicamente, três operações: estabelecimento de metas, estratégias e ações.
Metas:
O processo se inicia a partir da definição de objetivos. A pergunta principal deve ser: onde queremos chegar? As metas podem envolver aumento do faturamento, abrangência no mercado, liderança no segmento, abertura de franquias, entre outras. Dado esse passo, é importante delimitar o horizonte e detalhar o que se quer. Por exemplo, o aumento do faturamento deverá ser 10 % maior que no ano anterior, ou ainda, abertura de cinco franquias. Nos dois casos foi especificada a quantidade. Nesse momento deve-se levar em conta o resultado do diagnóstico feito no primeiro momento, sobre o ano corrente, para poder, como foi dito, estabelecer metas palpáveis.
Definir que se pretende avançar no mercado e oferecer o serviço em mais regiões, sendo que no ano anterior a oferta encolheu, pode ser arriscado, o indicado seria ter como objetivo manter os serviços conquistados e não perder mais nenhum. A dosagem de risco deve ser dimensionada quando se está nesta etapa do processo. Tanto otimismo demais quanto pessimismo exacerbado podem distorcer as metas e resultar em insatisfação.
Estratégias:
A pergunta que norteará a equipe neste passo do processo deverá ser : como vou fazer? Ter metas não é suficiente, é preciso traçar caminho até o destino. Se quero aumentar meu faturamento haverá algumas formas de alcançá-lo, como, por exemplo, baixando custos, ampliando o escopo de mercadorias, redefinindo processos. É preciso ter clareza sobre como se fará para obter o sucesso pretendido, e ter ainda, planos extras, caso a primeira iniciativa não dê certo. É necessário imaginar cenários e prever o que poderá acontecer e alinhar que caminho tomar. Apostar somente em uma estratégia é arriscado e amador. Bons gestores entendem a importância deste passo para seguir com segurança e assertividade.
Ação:
Após analisar o cenário, conceber as metas e traçar estratégias, o passo que dará sentido a tudo isso é atuar para efetivar o planejado. É o momento de mobilizar todos para a execução do que foi elaborado. Se, por exemplo, a meta é aumentar o faturamento, a estratégia para chegar a esse objetivo é baixar custos, a ação requer otimização de processos. É preciso mover algo para obter resultados diferentes. Saber qual peça modificar para a ação ser assertiva é uma das chaves para o sucesso da operação.
É preciso salientar que os colaboradores são fundamentais nesse processo. Uma das indicações é elaborar o planejamento de forma coletiva, ouvindo cada funcionário e colhendo diferentes impressões. Criar de forma conjunta é benéfico porque, em tese, diminui os possíveis equívocos do plano, uma vez que a colaboração de mais olhares inibe pontos cegos que poderiam existir caso só uma perspetiva fosse levada em consideração, e ainda constrói um espírito corporativo que atuará para alcançar as metas conjuntamente.
Por fim, é importante destacar que o trinômio meta-estratégia-ação funciona de forma dinâmica, ou seja, caso se perceba que o que foi planejado não funcionou plenamente na execução é preciso rever o procedimento e repensar a prática. Um dos erros que o gestor pode incorrer é acreditar que uma vez feito o plano, ele é garantia de sucesso. Não é tão simples assim. É necessário revisar as metas constantemente, assim como fazer o acompanhamento das ações. Criar métricas para saber o que está ou não funcionando é primordial.
Terminar o ano com a sensação de dever cumprido e iniciar o outro visando tudo o que se quer e ir em busca do sucesso é a receita para garantir o bom desempenho de toda empresa. A lição agora é parar, respirar e começar a alinhar as planilhas e tabelas que serão as melhores companheiras do gestor nos 12 meses do ano que se iniciará depois de dezembro.
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