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Gestão financeira para as pequenas, micro e médias empresas

Quando criança, nossas primeiras lições de economia doméstica costumam ser ensinadas pelos pais. Uma das práticas mais usuais é dar mesadas aos pequenos, ou seja, conceder valores simbólicos em dinheiro por semana ou mês. Com essa quantia em mãos a criança precisa tomar algumas decisões: gasto tudo ou só uma parte e o restante guardo, ou ainda poupo tudo e acúmulo tendo em vista algum objetivo. São questionamentos que surgem naturalmente e são guiados pelos desejos de consumo dos pequenos e como pano de fundo aprende-se que para ter uma gestão financeira eficiente é preciso equilibrar vontades e realidade.


Já adulto a administração dos nossos recursos financeiros ganha camadas de complexidade mas segue a mesma regra aplicada às crianças, nos colocando diante do que queremos ter versus o que podemos ter. E para aqueles que apostam no empreendedorismo e tornam-se também pessoas jurídicas as linhas que embasam a economia doméstica não contemplam mais todos os desafios impostos ao empresário, mesmo que a regra de ouro, do equilíbrio financeiro permaneça como diretriz.


Quando se escolhe ser gestor é preciso olhar para a gestão financeira com a seriedade e responsabilidade necessários para garantir que a empresa se mantenha viável a curto, médio e longo prazo. Esse princípio é ainda mais imprescindível para os pequenos negócios porque a probabilidade de o empresário borrar as fronteiras entre os recursos financeiros próprios e os do empreendimento são maiores e mais explícitos.


Esse, inclusive, é um dos principais equívocos quando se fala em uma gestão financeira eficiente, mas há outros que também contribuem de forma constante e consistente para o declínio e quebra de muitas empresas. Tendo isso em vista, vamos elencar cinco erros comuns da gestão financeira de empresas e ainda argumentar como é possível evitá-los ou contorná-los.



  1. Misturar finanças da empresa com as contas pessoais


Acaba sendo comum, principalmente em pequenos negócios, que se pegue dinheiro do caixa da empresa para quitar dívidas pessoais. No entanto, essa prática não é recomendada porque acaba prejudicando a análise do gestor de quanto realmente a empresa lucrou. O indicado é que se tenham contas separadas, pessoa física e jurídica, e que essa delimitação seja respeitada em favor do bom andamento da empresa.


  1. Falta de controle do fluxo de caixa


Não saber no que se gastou ou quanto se investiu por dia, semana ou mês na empresa pode acabar se tornando um problema difícil de contornar. A dica é acompanhar diariamente todos esses dados para conseguir mensurar de forma efetiva as entradas e saídas financeiras.


  1. Não ter informações atualizadas sobre o estoque da empresa


Fazer o controle do estoque de mercadorias é crucial para ter um equilíbrio financeiro dentro dos negócios. Saber o quanto aquele material representa em termos monetários, realizar a gestão para que se dê fluidez a essa mercadoria e para que se renove o estoque é essencial em termos de boas práticas administrativas. Crie uma rotina para poder acompanhar e analisar essas informações e entender os gargalos e problemas de fluxo no processo.


  1. Precificar o produto erroneamente


Às vezes o insucesso do negócio pode ser a falta de um preço coerente com o produto/serviço oferecido. Superdimensionar o valor, ou ao contrário, vender a preços muito mais baixos em relação aos concorrentes, pode causar prejuízos irreparáveis no caixa da empresa. O caminho é estudar todos os componentes que formam a precificação de um produto, como, por exemplo, custos de produção, tempo de manufatura, lucro, concorrência, singularidade e especificidades do material, entre outros itens.


  1. Falta de análise e acompanhamento do aspecto financeiro da empresa


Não ter informações sobre o andamento da empresa na questão financeira deixa todo o empresário no escuro quanto ao futuro em curto, médio e longo prazo. Investir em um acompanhamento responsável e atento a todos os processos que envolvem transações financeiras deve ser prioridade para todo gestor. Escolha um software que possa auxiliar nesse processo ou ainda elabore planilhas e tabelas que contemplem e contextualizem essas informações.


Caso o gestor tenha cometido alguns destes erros, ou mesmo todos eles, e esteja com dificuldades para sair do vermelho e equilibrar as contas, outra dica fundamental é colocar em prática a gestão de crise. Nesse momento tenta-se fazer a estimativa real, sem maquiagem e sem desculpas, do orçamento da empresa e busca-se então alternativas para encontrar novamente o caminho da prosperidade.


Uma das indicações é, caso esteja endividado, buscar quitar as parcelas com juros mais altos e que consequentemente a longo prazo irão gerar os maiores dividendos. Ou procure conversar francamente com o gerente do banco ou instituição financeira credora sobre a situação e proponha uma parceria para encontrar caminhos que sejam viáveis para ambos e não inviabilize, por exemplo, o capital de giro da empresa.


Ao tratar a gestão financeira como prioridade e com responsabilidade, o empresário conseguirá medir no dia a dia a temperatura dos negócios, sabendo a diferença de quando está estável, saudável, e quando é necessário agir. Buscar o equilíbrio nas contas a partir de boas práticas na gestão é sem dúvidas um dos caminhos do sucesso e, de quebra, honra os aprendizados sobre economia e finanças que aprendemos em casa desde pequenos.

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